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20 novembro 2009

SOB PRESSÃO, CORREGEDOR DO TJ-RJ PEDE LICENÇA DE 30 DIAS


Foto Miguel Filho

Acossado por fortes denúncias do jornal O Globo, em matérias assinadas pelos jornalistas Chico Otavio e Cássio Bruno, o corregedor-geral do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Roberto Wider, em reunião fechada do Órgão Especial, pediu licença de 30 dias de suas funções à frente da Corregedoria.

No Globo Online de ontem nova matéria alude que a licença ocorre no momento em que o relacionamento de Wider com Raschkovsky é alvo de dois procedimentos administrativos abertos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), bem como uma CPI prestes a ser instaurada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Diz, ainda, que o ministro Gilson Dipp, corregedor-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), teria anunciado que vai ampliar a inspeção iniciada na quarta-feira (18/11) no 15º Ofício de Notas da Capital para o 11º Ofício da Capital e 6º Ofício de São Gonçalo. Esses cartórios estariam envolvidos em denúncias sobre a ação de Raschkovsky - um contrato obrigava o 15º a repassar mensalmente 14% da renda bruta para o lobista. Depois que o pagamento foi cortado, o cartório sofre uma correição extraordinária. Já o 11º e o 6º (São Gonçalo) tinham como oficiais responsáveis - nomeados em março por Wider - dois advogados que atuavam no escritório L. Montenegro, administrado por Raschkovsky.


Em nota publicada na página da Corregedoria, Wider afirma que o objetivo do afastamento é permitir uma investigação completa do caso pelo TJ fluminense.

Eis o inteiro teor do comunicado:

"Prezados colegas do Órgão Especial,
Preocupa-me, sobretudo, em primeiro lugar, a imagem e reputação desta Casa, que desejo íntegra e incólume, como sempre foi e será. Por isso mesmo apresento a Vossas Excelências o pedido de licença por trinta dias das honrosas funções de Corregedor-Geral, de minha parte, um ato condoído de desprendimento pessoal.
Assumo, pessoalmente, o constrangimento íntimo, por certo indescritível, para quem dedicou toda uma vida à causa da Justiça, com o único propósito de permitir ao Órgão Especial desta Casa que faça uma completa investigação, livre de qualquer ordem de dificuldade que a minha investidura à frente da Corregedoria-Geral pudesse de algum modo representar.
Em suma, requeiro e exorto ao meu Tribunal que cumpra em toda linha e às últimas consequências os deveres investigatórios sobre os fatos objetos de sucessivas e recentes reportagens do Jornal O Globo.
Afirmo e reafirmo, nesta oportunidade, que nada devo e nada temo. Repudio, uma vez mais, o teor insano e calunioso dessas reportagens com minha máxima veemência e desassombro.
Como julgador confio na Justiça e guardo para mim a mais firme convicção de que tudo será completamente esclarecido e que retornarei com a mesma serenidade e espírito público ao exercício das minhas funções, das quais temporariamente me afasto.
Reafirmo, como sempre, que continuarei a lutar o bom combate e a contribuir de todas as formas ao meu alcance para a grandeza do Poder Judiciário.
Informo também que, ontem, apresentei junto ao Ministério Público uma representação contra os autores da reportagem pelas notícias difamatórias, por crime de calúnia contra funcionário público em suas funções.
Rio de Janeiro, 18 de Novembro de 2009”

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