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13 abril 2009

TRISTE PÁSCOA NA ITÁLIA

Segundo informa a Folha Online de 10/04, o procurador-geral de Áquila, Alfredo Rossini, afirmou nesta sexta-feira que abrirá uma investigação sobre os materiais e métodos utilizados na construção dos edifícios da cidade, a mais devastada pelo terremoto de segunda-feira passada (6) que deixou 289 mortos e destruiu cerca de 10 mil prédios.

A declaração veio no mesmo dia em que milhares de familiares e moradores da região acompanham o funeral e o enterro das vítimas.

Foto Reuters

Secretário do Vaticano, Tarcisio Bertone, abençoa caixões das 289 vítimas do terremoto que devastou Áquila

Rossini afirmou que os prédios cederam "facilmente" após o terremoto da última segunda-feira. Entre os prédios que serão submetidos à perícia estão, segundo o jornal "La Reppublica", a Casa do Estudante, um dormitório para estudantes universitários, o Tribunal de Áquila e o hospital de San Salvatore.

"Investigaremos os edifícios construídos com areia. [...] Devemos dar uma resposta imediata às vítimas e a seus parentes", afirmou Rossini que, na própria segunda-feira (6) abriu um inquérito por desastre e homicídio culposo.

Nos últimos dias, especialistas têm sugerido que a fiscalização frouxa dos padrões de construção pode ter tido um papel decisivo na tragédia. Além de edifícios históricos, muitos prédios modernos também vieram abaixo.

Segundo o presidente da Associação Nacional de Construtores italiana (Ance), Paolo Buzzetti, "o cimento armado, se tivesse cumprido as normas, teria que resistir" ao terremoto, que chegou a 5,8 graus de magnitude na escala Richter --o suficiente para causar grandes danos em áreas populosas.

Um dos engenheiros da Defesa Civil italiana, Paolo Clemente, afirmou que o cimento não era de qualidade e que existem alguns "maus" construtores que "utilizam areia da praia, que é mais barata". "Além das impurezas que apresenta, é uma areia cheia de cloreto, que com o passar do tempo consome o ferro".

Sabe-se que as vítimas já somam 294, segundo as últimas informações das agências noticiosas e os tremores, embora em menor intensidade, continuam ocorrendo, tornando a páscoa italiana uma das mais tristes de sua história.

O Vaticano autorizou a realização extraordinária de uma celebração eucarística na sexta-feira santa, (quando normalmente não é realizada pela Igreja Católica nesta data), em homenagem às vítimas do terremoto. E também providenciou a distribuição de ovos de páscoa para as crianças sobreviventes do terremoto no sábado, conforme imagem abaixo:


Bombeiro enviado pelo Vaticano doa ovos de Páscoa para crianças sobreviventes do terremoto neste sábado (11/4/09), em Pizzoli (Foto: Daniela La Monaca/Reuters).


Três questões chamam a atenção nessa lamentável tragédia italiana: primeira, que diversos prédios permaneceram intactos após os tremores, enquanto outros ao lado desabaram totalmente; segunda, um especialista havia previsto a possibilidade de tremores na região, mas foi denunciado na polícia para não alarmar a população e, terceira, que teriam sido usados materiais inapropriados para as construções, seja pela qualidade ruim do cimento ou possível utilização de areia de praia.

Em proporções bem menores, faz-nos lembrar a construção do Palace II, no Rio de Janeiro. O ex-deputado e empresário Sérgio Naya, que morreu de enfarte em 20 de fevereiro do corrente ano, era proprietário da construtora Sersan, que ergueu o prédio Palace II, na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. O imóvel desabou em 22 de fevereiro de 1998, provocando a morte de oito pessoas.

Era domingo de carnaval quando os moradores que estavam em casa ouviram um estrondo. Constataram que havia rachaduras em um dos pilares do prédio, chamaram a Defesa Civil e o Palace 2 foi interditado. Pouco depois, parte do prédio que ainda estava sendo evacuado ruiu matando oito pessoas. Quatro dias depois, outra coluna também desabou. No dia 28 de fevereiro a prefeitura implodiu o edifício. O prédio, que ficou pronto em 1996, nunca recebeu o habite-se da prefeitura por causa das diversas irregularidades na conclusão da obra...

Parece que tanto aqui quanto lá há maus empresários da construção civil, gananciosos e irresponsáveis.

Seja como for, o blog externa suas condolências ao povo italiano da região de Abruzze, especialmente L'Áquila, onde ocorreu a tragédia e faz votos que a situação seja resolvida com mais rapidez, pois aqui até hoje ainda há inúmeras vitimas do Palace II, no RJ, sem teto para morar.

Melhor sorte aos desabrigados italianos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o post. Porém o nome da região é Abruzzo e não Abruzze!
Beijos,
Palpiteira.

Anônimo disse...

Muito obrigado pelo elogio e pela correção da região italiana.
Clod