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03 novembro 2010

A CISÃO MOSTRADA NAS URNAS

Na coluna opinião do jornal O Estado de São Paulo de 01/11, Ricardo Vélez Rodríguez,  Coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas "Paulino Soares de Souza" da Universidade Federal de Juiz de Fora, faz uma análise da situação política atual do Brasil, assinalando, entre outras coisas que:

Essa é a nossa "democracia de massas", acelerada, ao longo dos últimos oito anos, pelo fenômeno do lulopetismo. Torrente verbal de linguajar chulo e de eterno palanque; de iniciativas mal costuradas (o tal de Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que influencia o desempenho do País na esfera econômica, com gastança descontrolada jamais vista); de propostas sensatas no terreno macroeconômico (que vieram do passado recente, ao ensejo das reformas social-democratas promovidas notadamente pelos anteriores governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, destacando-se nesse contexto o Plano Real); de pregação messiânica que pretendeu fazer do retirante nordestino ocupante do Palácio do Planalto o novo salvador da Pátria; de favores oficiais distribuídos a esmo com a única finalidade de consolidar um eleitorado subserviente; de jacobinismo em alta por parte da coorte safada de "mata-mosquitos" do presidente populista; de corrupção generalizada, justificada pela revanche ideológica que tem embalado o discurso dos novos "donos do poder" contra as odiadas "elites"; de surgimento e consolidação de uma nova-velha elite de peleguismo sindical, inspirada no pior dos populismos; de clérigos e bispos da "Teologia da Libertação" que seguem as pegadas espertas de Leonardo Boff e de Frei Betto para canonizar as falcatruas petistas em nome da justiça social; de orgástica farra do setor do empresariado que se alinhou desavergonhadamente ao lado do poder para garantir as benesses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os lucros subsidiados com o dinheiro do contribuinte; de louvação oportunista dos intelectuais amamentados com as benesses oficiais; enfim, de reificação ectoplasmática dessa entidade mítica genialmente descrita por Mario de Andrade como o "herói sem nenhum caráter" que, proveniente das obscuras florestas, percorre o País com a sua oralidade falaciosa, enganando todo mundo para voltar, após a farra escatológica, a sumir nas sombras de onde veio, deixando para trás um nunca visto cenário de terra arrasada em matéria de princípios e instituições.

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