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07 julho 2009

O PAÍS DA ESBÓRNIA

Segundo a desciclopédia, o Principado da Esbórnia é uma antiga possessão itinerante localizada na fronteira da Coréia com o Maranhão. Muito influenciada pelos pensadores iluministas, a Esbórnia experimentou em mais de 8 anos de existência, mais de 20 revoluções, golpes de Estado e inssurreições.

Já para o wikcionário esbórnia é farra, bagunça, entretenimento ruidoso.

Desconfio que a localização geográfica seja um pouco diferente e sua história marcada mais pela inanição de seu povo do que por alguma revolução.

O povo realmente gosta de uma farra ou, como diz melhor o Zeca Pagodinho, gosta muito de vadiar e tomar uma cerveja gelada. A começar pelo Presidente, que não para de viajar, como uma alma penada, vagando, bebendo e falando bobagens por esse mundão de Deus. E apóia os regimes ditatoriais da Venezuela, Colômbia e Bolívia. Apóia também o Irã, mesmo com as eleições forjadas. Senta-se a banquetear com ditadores da África como ditador Muamar Khadafi et caterva: . como Mugabe, do Zimbábue e o ditador Hassan al Bashir, do Sudão, este último condenado à prisão por uma Corte Internacional de Justiça, integrante de um organismo do qual o Brasil é signatário dos instrumentos de sua instituição. Contra ele foi expedido mandado de prisão, em decorrência de crimes contra a humanidade e genocídio.

Desconfio, por isso, que a esbórnia seja aqui mesmo. Não há lugar em outra parte do planeta e quiçá do universo onde haja tanta permissividade, ladroagem, escândalos e, sobretudo, impunidade.

Recentemente, um parlamentar português, depois de insinuar, colocando os dedos indicadores na testa, que um Presidente de Partido que falava no parlamento tinha chifres, reconheceu o erro e imediatamente renunciou ao mandato.

Aqui, um deputado indicado para relatar um processo na Comissão de Ética da Câmara, desde logo “absolveu” o investigado e indagado se com tal açodamento não comprometia sua imagem disse em alto e bom som que “estava se lixando” para os eleitores e ficou por isso mesmo. Pior que estava com a razão. Uma nova Comissão foi formada e o que aconteceu? Absolveram o colega, o tal deputado do Castelo, que, por sinal, está sendo processado criminalmente perante o Supremo Tribunal Federal.

Na Câmara Federal, montaram o esquema do mensalão, que comprava deputados, para dar sustentação ao governo da Esbórnia. Apenas uns poucos deputados foram cassados, outros renunciaram, mas o povo os devolveu ao Congresso. Provaram que tinham credenciais suficientes para representar o povo naquele parlamento. Quando descobriram que quem manejava a grana estava encastelado no Palácio ao lado do Presidente e era seu braço direito, o Presidente se mandou para Paris, encomendou uma “reportagem” de uma jornalista desconhecida e deu a versão definitiva: não sabia de nada. O delator se ferrou, assim como o delatado e fim. O dinheiro devia ser de caixa dois da campanha e como caixa dois era coisa normal, não havia irregularidade. Não havia dinheiro público. Apenas dinheiro de empresas interessadas em doar para a campanha, que depois vai se ressarcir com contratos milionários e estamos conversado. Isso não viciou o processo eleitoral. Aliás, o próprio presidente se responsabilizou pelas contas de seu partido junto à Justiça Eleitoral para ter as contas aprovadas.

O presidente continua distribuindo dinheiro público como se fosse seu. Perverteu o sistema de bolsa-família para bolsa qualquer coisa. Bolsa família para os pobres, bolsa ações para adquirir o Banco Votorantim, bolsa ditadura para os antigos antagonistas do regime militar, inclusive ele próprio, que por ter ficado presos alguns dias, recebe uma bolsa-ditadura para o resto da vida. O presidente que sempre viveu com o dinheiro alheio: primeiro do Sindicato (pago pelos trabalhadores) e posteriormente criou o do Partido dos Trabalhadores e se tornou seu presidente permanente (recebendo salário de deputado federal) e depois virou presidente honorário. Sempre viveu à custa do trabalho alheio. Um gênio do embuste.

No Senado Federal descobriram outras tantas artimanhas dignas do país da esbórnia. A existência de atos secretos para nomear e conceder vantagens, gabinete secreto, contas secretas e, mais recentemente, atas secretas. O Presidente da Casa entrou no fogo cruzado das apurações: parentes nomeados secretamente e até um conhecido por Secreta que servia à sua filha recebendo míseros R$ 12 mil do Senado para trabalhar como seu mordomo. Seu neto virou intermediário de empréstimos consignados. Descobriram ainda que recebia “auxilio moradia” mesmo tendo propriedade em Brasília. Primeiro negou e em seguida disse que nunca havia requerido e sem sabia que recebia tal auxílio. Descobriram, ainda, que tinha uma mansão de R$ 4 milhões no Lago Sul, que não foi declarada ao imposto de renda nem ao Tribunal Superior Eleitoral. Mas isso foi um mero esquecimento do contador. Acuado, procurou o presidente. Nem precisava, já de longe daqui, o Presidente declarou que Sarney não é uma pessoa comum e não deveria ser tratado assim pela mídia. Reuniu-se com sua toda poderosa ministra-candidata à Presidência e acuou a bancada petista no Senado. É um fenômeno jamais visto na história em qualquer país democrático do mundo. Aqui só a mídia perversa se contrapõe a ele. E cada vez mais rara. Verbas milionárias são distribuídas aos meios de comunicação. Seu “staff” gasta horrores para manter sua aparência e sua “história de vida”: Um pobre pau de arara que chegou à presidência dessa República. Forjado no peleguismo sindical e depois partidário acha que é o dono do poder. Até já emprestou dinheiro ao FMI e mandou recado a Bush para não atrapalhar seu governo com a crise econômica, que afinal denominou de marolinha. Milhões de empregos desapareceram da noite para o dia em todas as partes do mundo. Aqui o país retrocedeu, mas a culpa é dos americanos ou da oposição. Por sinal, oposição fraca, débil, sem forças para confrontá-lo. Nada pega no presidente. É decididamente um inimputável. Pode fazer o que quiser, que está tudo bem. E acolhe todos os seus amigos ainda que hajam cometido crimes das mais variadas espécies, que para ele se tornam apenas pequenos erros perfeitamente toleráveis. Quando muito uns aloprados que devem ser perdoados. E desfruta de uma popularidade inacreditável. Um mito. Vai virar filme e tem grandes possibilidades de eleger seu sucessor. Inventou um novo país. O país da Esbórnia.

A propósito, o professor Miguel Reali Júnior publicou no Estadão no último sábado (4/7) um artigo muito apropriado, que culmina assim:

Aos 120 anos de República consolida-se o apadrinhamento, ao se institucionalizar o reconhecimento de sua validade pela palavra do presidente da República, para quem Sarney "não é uma pessoa comum" e sua história o isenta de responsabilidades, em vista do que as denúncias de nepotismo merecem ser tratadas com benevolência.Une-se agora a categoria do favor, denunciada por Roberto Schwartz, com o providencialismo estatal: clientelismo e salvacionismo lulista. Raymundo Faoro, em Os Donos do Poder, menciona a figura do pai do povo que guarda dos infortúnios e confunde o político com o taumaturgo. Hoje, o presidente Lula perdoa as culpas dos amigos e das pessoas "não comuns" e, ao mesmo tempo, assegura a salvação ante todos os perigos: transforma a crise mundial em "marolinha", garante a não-disseminação da gripe suína, reduz a crise iraniana a confronto entre flamenguistas e vascaínos.Da combinação entre o passado e o presente surge o novo taumaturgo que exorciza os males e passa a mão milagrosa na cabeça dos culpados: absolve mensaleiros, ungindo-os com a bênção presidencial, bem como os "aloprados" de 2006, produtores de dossiês falsos.Neste instante, perdoa o mais ferrenho adversário do passado, e esse mesmo passado, tantas vezes condenado, vale para redimir as culpas de Sarney, cuja "história no Brasil é suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum".O taumaturgo demagogo domina o espetáculo. Por ser o salvador de um povo crédulo, pode desprezar a ética e a verdade e consagrar, com a liturgia do cargo, os piores vícios do Brasil.
Leia a íntegra em O Taumaturgo

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