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23 julho 2009

O FUNDO MUSICAL DA CPI DA PETROBRAS



O jornalista Diogo Mainardi, da revista Veja, revela que duas empresas de fundo de quintal receberam 8,2 milhões de reais da Petrobras, em 102 contratos.

Diz ainda que uma das empresas incluídas na planilha encaminhada à CPI despertou seu interesse: R.A. Brandão Produções Artísticas. Em 2008, ela ganhou mais de 4,5 milhões de reais da Petrobras, em 53 contratos. Ela fez de tudo: de cartilha sobre o meio ambiente (98 000 reais) até bufê em obras de terraplanagem (21 000); de dicionário de personalidades da história do Brasil (146 000) até “design ecológico em produtos sociais” (150 000).

MV Bill, o “aliado dos manos”, surgiu nesse momento. Em 2007, ele publicou Falcão: Mulheres e o Tráfico, editado pela Objetiva. O livro é assinado também por Celso Athayde, seu empresário e seu parceiro numa ONG: a Central Única das Favelas – Cufa. A particularidade do livro é a seguinte: seus direitos autorais, em vez de pertencerem a MV Bill e a Celso Athayde, pertencem à fornecedora da Petrobras, a R.A. Brandão Produções Artísticas.

Leia a íntegra do artigo em O hip hop da Petrobras


Nota do blog:

A CPI chapa branca da Petrobras, montada pelo Planalto e presidida pelo segundo suplente de Senador Paulo Duque (PMDB-RJ) - que não tem qualquer responsabilidade com o eleitor, vez que não recebeu voto algum para estar no Senado - pode até não dar em nada como tantas outras. Mas, com certeza, muitas revelações poderão surpreender a todos. E, antes mesmo de começar, já tem até fundo musical na base do hip hop.

Quanto ao MV Bill não adianta o Diogo querer especular. Encontrei no Vagalume esta jóia escrita por ele, que tem o título muito apropriado de “Só Deus pode me julgar”.

Som na caixa:

O primeiro refrão é assim:

“É, Mantenho minha cabeça em pé
Fale o que quiser pode vir que já é
Junto com a ralé
Sem dar marcha-ré
Só Deus Pode Me Julgar
Por isso eu vo na fé”.
E o final do segundo refrão:

“Click-Cleck, mão na cabeça
Quando for roubar dinheiro público vê se não se esqueça
Que na sua conta tem a honra de um homem
Envergonhado ao ter que ver sua família passando fome
Ordem, progresso e perdão
Na terra onde quem rouba muito não tem punição”

Parece discurso do Presidente Lulla, o collorido, que na posse do novo Procurador Geral da República disse que o MP, antes de mais nada, deve respeitar a biografia dos investigados. Vale também para a CPI. Então significa que: Só Deus pode julgar e não se pode punir quem rouba muito dinheiro público.

Por isso o Brasil se tornou o paraíso da malandragem e também da sacanagem. Um juiz do Rio de Janeiro negou pedido da EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo) para suspender a divulgação do guia “Rio for Partiers”, (Rio para festeiros), que trata as mulheres cariocas como “popozudas, máquinas de sexo”, além de apontar a região da cidade onde se pode encontrar a melhor companhia, bem como fazer a abordagem. Entendeu que prevalece o direito de informação e divulgação e que se trata de questão cultural.

Faz lembrar o maestro Tom Jobim: "É o fundo do poço, é o fim do caminho/No rosto um desgosto, é um pouco sozinho..."

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