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20 outubro 2008

A TRAGÉDIA DE SANTO ANDRÉ


O noticiário tem mostrado cotidianamente incontáveis situações de relacionamentos amorosos, sobretudo entre jovens, quando marcados por intensidade exagerada, com demonstrações de ciúmes excessivos e muitas vezes com desaprovação dos pais, que, não raras vezes, terminam com severas seqüelas para os envolvidos e seus familiares. Não é de outro jaez o que ocorreu em Santo André, SP.

O país assistiu estarrecido pela TV e por todas as mídias, durante toda a semana passada, esse drama passional que começou às 13h30 de segunda-feira, 13/10, quando o jovem Lindemberg Fernandes Alves, de 23 anos, armado, invadiu o apartamento de sua ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos de idade, no bloco 24 do Conjunto Habitacional CDHU, do Jardim Santo André. Fêz refém a ex-namorada e a melhor amiga dela, Nayara Rodrigues da Silva, também de 15 anos de idade.

Libertada na noite de terça-feira, Nayara retornou ao apartamento por exigência de Lindemberg, na quinta-feira (16), contrariando todas as normas de negociação de seqüestros, segundo os vários especialistas que se manifestaram sobre o assunto.

A Polícia Militar invadiu o apartamento onde estavam as reféns por volta das 18h10 de sexta-feira, dia 17, numa operação desastrada e desastrosa. Apregoada a melhor polícia da América Latina, a polícia paulista encontra-se em situação difícil de explicar e muito mais difícil de entender e justificar sua atuação.

No sábado, o jornalista
Josias de Souza publicou em seu blog:

”Abespinhado com o cipoal de críticas, Adriano Jovenini (Giovaninni) do Gate (Grupo de Ações Tática Especiais da PM de SP), disse: "Quem tem condições de avaliar somos nós. Claro que algumas vezes não temos 100% do resultado desejado". Errado. Qualquer contribuinte em dia com os seus impostos tem o direito de "avaliar" a polícia que ajuda a remunerar.

Considerando-se as dimensões da tragédia, fica claro que a PM, tendo “condições de avaliar”, chegou a avaliações equivocadas. Tomando-se o caso pelo ângulo do “resultado”, chega-se a uma contabilidade macabra.

Havia três pessoas no apartamento. O jovem amaluco (sic) saiu ileso. Uma menina levou um tiro no rosto. A outra, alvejada na cabeça e na virilha, encontra-se à beira da morte. De fato, “não temos 100%”. Quanto teríamos: 10%? 5%? Daí para menos!”

O desfecho final ainda foi pior. Eloá não suportou os ferimentos e morreu. Nayara encontra-se hospitalizada e não corre risco de morte, mas corre risco de infecção hospitalar. O seqüestrador nada sofreu e, em breve, com nossa leniente legislação estará novamente nas ruas...
Com receio da repercussão negativa para a corporação em caso de atirar no seqüestrador, a polícia utilizou apenas armamentos não letais e fez apenas um disparo com bala de borracha. Em vão.

Enquanto isso, o seqüestrador esgotou todas as balas de sua arma e atingiu gravemente as duas reféns.

Depois disso é forçoso concluir que a ação policial resultou no mais retumbante fracasso dos últimos tempos. Infelizmente.

O fato, lastimável em todos os sentidos, deve chamar a atenção das famílias para certos namoros dos jovens adolescentes, sobretudo quando um deles já é adulto, como no caso analisado. Todo cuidado é pouco.

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