Translate

15 outubro 2008

AO MESTRE COM CARINHO


Se não me engano, era assim...
Primeiro ela entrava na sala e todo mundo dizia a plenos pulmões: bom-dia;
Depois ela apresentava as letras e os números, um por um, até decorar;
E tome de fazer bolinha, colocar uma perninha prá cá outra prá lá, costurando as letras e, sobretudo, copiando no caderno de caligrafia até fazer calos nos dedos;
Começava, claro, pelas vogais, em seguida vinham as consoantes;
Aí juntava as letras e fazia as sílabas, beabá, beebé e tome de soletrar;
Das sílabas formava palavras, bola, boneca, casa, cachorro, pai, mãe;
Com as palavras construía as frases, o menino chutou a bola!
Então surgia a leitura, primeiro tropeçando, depois de carreirinha.
No caminho da escola, pelas vias públicas, a busca do aperfeiçoamento,
Procura plaquinha em tudo que é lugar: bar do fulano, theatro, pharmacia, cine tal, mercearia santa maria, etc.
Por fim, um jornal, com suas manchetes grandonas e até alguns textos menores;
Pronto, fessora, mais uma criança alfabetizada e livre e apta a fazer as escolhas e seguir seus caminhos vida afora...
Esta sua maior recompensa: o reconhecimento de sua essencialidade e a certeza de que todos os avanços da civilização começaram na sua sala.
Obrigado por sua paciência e pelos ensinamentos que também nos acompanham pra o resto da vida.
Hoje, contudo, inventaram que não pode reprovar, então tem-se notícia de aluno de "falcudade" que não sabe interpretar um texto...
Quanta diferença!

Nenhum comentário: