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23 março 2009

O SENADO DO SARNEY

Na coluna de opinião do jornal Folha de São Paulo de ontem (acesso exclusivo para assinantes), a jornalista Eliane Castanhêde publicou artigo intitulado “A Casa do Pai José”, em que aborda a situação escandalosa dos cargos de comissão do Senado Federal. E inicia assim:

“Mexe daqui, remexe dali, vai-se descobrindo é que o Senado não é uma casa da mãe Joana, mas uma Casa do pai José Sarney.Ninguém tinha ideia de que as diretorias do Senado se contavam às dúzias, até que, somadas uma a uma, são 181. As atenções voltam-se naturalmente para Sarney, não só por ser o atual presidente, mas por ter sido presidente antes e continuar sendo uma espécie de eterno presidente. O que manda. O que fez todos os últimos ocupantes do cargo, seus correligionários.”

Deve ser a maior diretoria de qualquer senado do planeta...

Segundo noticia hoje a Agencia Estado, aproveitando a onda de indignação da sociedade causada pela revelação de que o Senado tinha 181 diretores, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), apresenta nesta semana um projeto de resolução para atacar outro foco de gastos com dinheiro público. Ele quer cortar pela metade os cerca de 3 mil cargos comissionados da Casa. Com salários que variam de R$ 9,7 mil a R$ 12 mil, esses funcionários não passam por concurso público. O único critério exigido é que tenham o aval do senador ou do diretor do departamento em que vão atuar. Só na Diretoria-Geral do Senado, há 124 cargos de confiança.

Pode ser mero jogo de oposição. Outras propostas aparecerão. E provavelmente ficará quase tudo como está. Talvez um simples freio de arrumação. Nada mais.

Muito provavelmente pode-se atribuir esse estado de coisas como reflexo dos altos interesses de parcela significativa de membros do PMDB de que fala o senador Jarbas Vasconcelos em sua entrevista a revista Veja no. 2100, de 18/02/2009, com o seguinte título: “O PMDB é corrupto - Senador peemedebista diz que a maioria dos integrantes do seu partido só pensa em corrupção e que a eleição de José Sarney à presidência do Congresso é um retrocesso.”

Vindo a público essa absurda situação, primeiro prometeram extinguir todos os cargos de diretoria, depois, pensando melhor, exoneraram apenas 50, todos funcionários efetivos. Quer dizer, continuam com o mesmo número de funcionários que talvez ninguém saiba ao certo quantos são.

Na mais alta casa legislativa o maior exemplo de desorganização e irresponsabilidade. Um péssimo exemplo para o país. Uma instituição assim que moral terá para examinar qualquer proposta de outros poderes em termos de pessoal?

Falam em contratar a Fundação Getúlio Vargas para uma reformulação. Vamos ver no que isso vai dar (se é que vão mesmo chamar a FGV) e vão adotar novos procedimentos e mesmo quanto tempo vai durar. Porque a qualquer momento podem os elegantes senadores, via resolução, criar cargos e estipular salários, conforme o orçamento permitir.

Não há qualquer controle sobre isso e, no final das contas, só tem um responsável pelas despesas: o contribuinte.

Cidadão, contribuinte, eleitor, o que pode fazer? Tentar eleger melhores representantes. Só que, depois de vinte anos de redemocratização e inúmeras eleições, a coisa só caminha para pior.

Que tal começar por não votar mais em nenhum candidato do PMDB?

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