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17 março 2009

O PAÍS DAS TRANSGRESSÕES


Como referido no post sobre o número de autoridades processadas perante o STJ, tem tudo a ver o artigo da escritora Lya Luft, na edição n 2103 da revista Veja, de 11/03/09, sob o título “No paraíso das transgressões”.

È lamentável ter que admitir que o momento atual é dos mais críticos em termos éticos e morais pelos quais o país tenha passado, sem contar com o agravamento de forma acelerada da criminalidade. Parece que o famoso “jeitinho brasileiro” difundiu-se avassaladoramente e introduziu-se na sociedade no pior sentido. Assim, diz ela:

Transgredir no mau sentido é natural entre nós. Ladrões e assassinos, mesmo estupradores, recebem penas ridículas ou aguardam o julgamento em liberdade; se condenados, conseguem indultos absurdos ou saem em ocasiões como o Natal, e boa parte deles naturalmente não volta. Crianças continuarão a ser estupradas, inocentes mortos, velhinhos roubados, mulheres trancadas em suas casas, porque a justiça é cega, porque as leis são insensatas e, quando prestam, raramente se cumprem.

Após definir com duro realismo sobre nossos líderes de todos os matizes e das canalhices e desonestidades das quais são em seguida redimidos e da leniência do sistema judicial que contribui para a impunidade e tecer críticas severas sobre o ensino, principalmente do do direito e da posição da OAB, conclui o artigo de forma catastrófica:

Vivemos feito bandos de ratos aflitos, recorrendo à droga, à bebida, ao delírio, à alienação e à indiferença, para aguentar uma realidade cada dia mais confusa: de um lado, os sensatos recomendando prudência e cautela; de outro, os irresponsáveis garantindo que não há nada de mais com a gigantesca crise atual, que não tem raízes financeiras, mas morais: a ganância, a mentira, a roubalheira, a omissão e a falta de vergonha. E a tudo isso, abafando nossa indignação, prestamos a homenagem do nosso desinteresse e fazemos a continência da nossa resignação. Meus pêsames, senhores. Espero que na hora de fechar a porta haja um homem honrado, para que se apague a luz de verdade, não com grandes palavras e reles mentiras.



Calha, como uma luva, a propósito, a charge acima do Angeli, no jornal Folha de São Paulo de hoje, retratando como vem sendo tratada a coisa pública no Brasil.

Por não vislumbrar outra solução, só resta rezar para que apareçam pessoas dignas com coragem para enfrentar o momento e acender a luz da verdade, devolvendo ao povo brasileiro a alegria de viver que sempre o caracterizou e possamos ter dias melhores. Amém.

Para ler o artigo completo da Lya prepare um copo de analgésico e clique aqui.

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