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31 outubro 2011

A USP E OS UNIVERSITÁRIOS SEM PUDOR

Novos ventos sopraram no mundo espalhando sementes de liberdade, de reconhecimento de direitos humanos e de participação democrática em busca de sociedades mais justas.  Já o Brasil, que pretende lugar de protagonista, a tudo assiste inerte e impassível. Vejamos os fatos:

A chamada Primavera Árabe, como se sabe, teve início na Tunísia em 18 de dezembro de 2010 com a auto-imolação de Mohamed Bouazizi, em protesto contra a corrupção policial e maus tratos que eram impingidos ao povo.  

Rapidamente, como um curto-circuito provocado pela velocidade da transmissão de informações pela mídia e, sobretudo, pelas redes sociais da internet, inúmeros outros movimentos e manifestações populares se espalharam em outros países do Oriente Médio e Norte da África. Assim, ocorreram revoluções na Tunísia e no Egito, uma guerra civil na Líbia e grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Síria, Omã e Iêmen e protestos menores no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental.

Em conseqüência, foram defenestrados de três chefes de Estado: o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, que fugiu para a Arábia Saudita; o presidente Hosni Mubarak, do Egito, forçado a renunciar após 30 anos de mandato e o ditador Muammar al-Gaddafi, da Líbia, que foi capturado, torturado por rebeldes, arrastado por uma carreta em público, sendo morto com um tiro na cabeça e seu cadáver exposto por quase uma semana à exibição pública num frigorífico comercial e enterrado em local secreto no deserto.

Nos Estados Unidos, fervilha uma grande manifestação denominada Occupy Wall Street, Segundo a escritora canadense Naomi Klein, que o considera o movimento mais importante do mundo hoje, esse slogan começou na Itália em 2008. Ricocheteou para Grécia, França, Irlanda e finalmente chegou onde a crise começou. Convidada a discursar aos manifestantes, a ilustre escritora canadense, autora do livro The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism [A doutrina do choque: O auge do capitalismo do desastre], teve seu discurso publicado em diversos sites da internet, valendo registrar a seguinte passagem:

Sabemos, ou pelo menos pressentimos, que o mundo está de cabeça para baixo: nós nos comportamos como se o finito – os combustíveis fósseis e o espaço atmosférico que absorve suas emissões – não tivesse fim. E nos comportamos como se existissem limites inamovíveis e estritos para o que é, na realidade, abundante – os recursos financeiros para construir o tipo de sociedade de que precisamos.
A tarefa de nosso tempo é dar a volta nesse parafuso: apresentar o desafio à falsa tese da escassez. Insistir que temos como construir uma sociedade decente, inclusiva – e ao mesmo tempo respeitar os limites do que a Terra consegue aguentar.

Leia a íntegra (vale a pena) em:

Ela conclui o discurso apontando o que entende como mais importante no movimento: “Nossa coragem. Nossa bússola moral. Como tratamos uns aos outros.”

Enquanto isso, a primavera brasileira é caracterizada pelo marasmo, pelo imobilismo, pela insensibilidade, apesar de sermos um dos países mais violentos, mais corruptos e com uma das sociedades mais permissivas do planeta. Talvez nos falte mesmo a bússola moral de que fala Naomi.

A única manifestação que corre o risco de marcar nossa primavera é a que está sendo feita por meia dúzia de Merds da USP, que chamo de Universitários Sem Pudor. Por falta de segurança no campus foi estupidamente assassinado um de seus estudantes há menos de um mês. A reitoria então firmou convênio com a Polícia Militar. Ocorre que ao deter três estudantes por estarem fumando maconha em suas dependências os alunos decidiram se revoltar, ocupar a Faculdade de Letras e pedir a expulsão da PM de lá em nome da “autonomia universitária”. Querem o que? Querem a balbúrdia, a desordem e o direito de fumar maconha. 

A USP, considerada a melhor universidade da América Latina, não pode ceder. Devia identificar e mandá-los para a Cracolândia.
 
Mas, no Brasil, nunca se sabe...  Afinal, trata-se de um país moralmente à deriva!

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